Boletim epidemiológico mostra melhora da cidade em quase todas as regiões, mas risco alto será mantido

A Prefeitura do Rio divulgou, nesta sexta-feira (19/02), no Centro de Operações Rio (COR), na Cidade Nova, a sétima edição do Boletim Epidemiológico da Covid-19. E, apesar de 27 das 33 regiões administrativas (RAs) terem apresentado melhora nos números de internação e óbitos, o Centro de Operações de Emergências – COE COVID-19 RIO, decidiu agir com cautela diante da constatação de casos das novas variantes do vírus na cidade e vai manter todo o município em risco alto, seguindo assim com as medidas mais restritivas de proteção à vida em todas as regiões.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, destacou que atualmente há uma divisão na cidade. Explicou que as áreas onde o poder econômico dos moradores é menor, os índices despencaram.

– O Rio de Janeiro vai continuar em risco alto, mas é por precaução. Tem setores da nossa cidade, das áreas mais nobres, ainda agindo com enorme irresponsabilidade, achando que a vida é uma festa. Se continuar nessa onda, ali serão impostas medidas mais restritivas a partir da próxima semana – alertou Paes.

O prefeito enfatizou que, com a queda do índice de letalidade e a fila de espera por um leito zerada, o desejo era o de baixar para risco moderado e flexibilizar as medidas restritivas nas regiões mais pobres da cidade, que demostraram maior responsabilidade na prevenção à doença.  Mas que, diante do surgimento de casos da nova cepa da Covid no Rio, optou pela cautela.

– Sempre que pedimos para segurar a onda é porque as pessoas precisam ter consciência. Não estamos proibindo ninguém de ir a restaurante, usar os espaços de lazer, não impusemos toque de recolher, lockdown, estão todos com seu direito de ir e vir franqueado. Mas é inaceitável que a gente tenha áreas da cidade em que as pessoas acham que é assim mesmo. O risco não é pra você que está indo para aglomeração, o risco é quando você chega em casa, tem uma pessoa mais velha e transmite essa nova cepa. Não seremos babá de gente saudável e irresponsável, mas vamos agir com muito rigor – frisou o prefeito do Rio.

Paes poderá adotar medidas mais restritivas em áreas com casos ainda em alta – Ricardo Cassiano/Prefeitura 

Com exceção das RAs V (Copacabana), VI (Lagoa), VIII (Tijuca), IX (Vila Isabel), XXIV (Barra da Tijuca) e XXVII (Rocinha), todas as demais regiões da cidade já teriam condições de passar para a faixa moderada. No entanto, com a mudança no cenário após a identificação de um caso da variante B.1.1.7 (britânica) e três da P1 (originária em Manaus/AM), esta última com maior potencial de transmissão, torna-se necessário reforçar os cuidados e as medidas de prevenção. A Secretaria Municipal de Saúde intensificou as ações para a ampliação da rede hospitalar, garantindo que a fila por leitos permaneça zerada.

– A gente já tem a circulação do vírus na cidade, da cepa P1. Ainda não tem estudo sólido que comprove uma maior gravidade ou transmissibilidade. Na dúvida, para não correr riscos, vamos manter as medidas restritivas e o risco alto. Qualquer tipo de alteração nos números, se a gente não conseguir reduzi-los vai precisar aumentar as medidas restritivas em bairros da Zona Sul e na Barra – disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

O mapa da Covid na cidade na semana passada, todo laranja, e embaixo a situação atual – Montagem

O boletim epidemiológico mostrou que o Rio registrou, desde o início da pandemia, 204.163 casos de Covid-19, com uma taxa de incidência acumulada de 3.064,9/100 mil habitantes. O total de óbitos desde 2020 é de 18.295. A letalidade está em 9% e a mortalidade, em 274,6/100 mil habitantes. Somente em 2021, são 13.689 casos registrados, sendo 2.312 graves, com 774 óbitos. A taxa de incidência deste ano é de 205,5/100 mil habitantes, com 5,7% de letalidade e mortalidade de 11,6/100 mil habitantes.

Monitoramento e controle das novas variantes

O primeiro caso de nova variante (P1) identificado na cidade foi de um homem de 46 anos, residente em Manaus, que apresentou os primeiros sintomas de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), caso mais severo de Covid-19, em 21 de janeiro, em sua cidade de origem. Trata-se, portanto, de um caso importado. O paciente veio transferido para o Rio de Janeiro em 3 de fevereiro e foi internado em estado grave na UTI do Hospital Federal dos Servidores do Estado. Mas não resistiu ao tratamento e morreu.

Nos outros três casos, mais brandos e classificados como síndromes gripais, os pacientes já foram curados ou estão no fim do período de quarentena. Foram considerados casos autóctones, ou seja, de transmissão local. Uma mulher de 36 anos, moradora da Freguesia, que começou a sentir os sintomas em 21 de janeiro, foi identificada com a B.1.1.7. Outros dois homens de 30 e de 40 anos, moradores, respectivamente, de Copacabana e Laranjeiras, também apresentaram a variante de Manaus. Os sintomas do primeiro começaram em 25 de janeiro e os do outro, em 1º de fevereiro.

Em todos os casos, a identificação das variantes do vírus foi feita pelo Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo (LVRS) da Fiocruz. As ações de investigação epidemiológica dos pacientes e possíveis contactantes foram feitas pela Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, com acompanhamento da Secretaria de Estado de Saúde.

Cuidados básicos e fiscalizações

Diante do novo cenário, a Secretaria Municipal de Saúde intensificou as ações de rastreamento de contatos e de testagem, para bloquear as cadeias de contágio dos casos de Covid-19, com o objetivo de prevenir a possível proliferação do vírus, incluindo as novas variantes. A autonotificação continua pelo aplicativo Rio Covid-19, nas plataformas iOS e Android, e pela Central 1746, com acompanhamento dos casos pelas equipes de saúde. Mais de 70 mil testes já foram realizados.

É imprescindível que a população colabore com os esforços para evitar a proliferação do coronavírus, seguindo os cuidados básicos de prevenção: uso de máscara, higienização das mãos com álcool 70% e distanciamento social. Além de respeitar as medidas restritivas de proteção à vida para a faixa de risco alto. Todas as informações e orientações estão disponíveis no site https://coronavirus.rio, onde pode ser baixado o “Guia de medidas de proteção à vida”.

As ações de fiscalização na cidade também foram intensificadas para garantir que as normas restritivas de proteção à vida sejam cumpridas. Ações integradas desde o dia 15 de janeiro entre a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), o Instituto de Vigilância Sanitária (Ivisa-Rio), a Guarda Municipal e a Defesa Civil já passaram por 56 bairros, contabilizando 573 inspeções em estabelecimentos, 329 infrações sanitárias e 74 interdições.

A fila por leitos Covid-19 segue zerada no município, com nenhum paciente aguardando vaga especializada para internação. No momento, há 885 pacientes internados nos leitos da rede SUS na cidade, que mantêm uma taxa de ocupação de 72%. Na noite desta quinta-feira (18), não havia qualquer caso pendente à espera de regulação para leitos Covid-19 em nenhuma unidade da rede municipal.

Vacinação: mais de 260 mil receberam a 1ª dose

A cidade tem, até o momento, 260.534 pessoas vacinadas com pelo menos a primeira dose, seja da CoronaVac ou da Oxford/AstraZeneca, o que representa 3,86% de cobertura da população. Dessas, 36.797 que tomaram a CoronaVac na primeira semana da campanha de vacinação, iniciada em 19 de janeiro, já receberam também a segunda dose. Ao todo, foram 297.331 doses aplicadas até esta quinta-feira (18).

Na última terça-feira, 16 de fevereiro, com o fim dos estoques das vacinas destinadas à primeira dose da imunização contra o coronavírus, a Secretaria Municipal de Saúde precisou paralisar a vacinação nas unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde). Até então, o Rio foi um dos primeiros municípios do estado a cobrir a população a partir de 83 anos. A antecipação do calendário foi muito importante, porque a cada dia adiantado, aquelas pessoas imunizadas são protegidas da transmissão da Covid-19. O município aguarda novas remessas da vacina para retomar a campanha. Consequentemente, neste sábado os postos drive-thru não funcionarão.

A aplicação da segunda dose está sendo feita nos hospitais com atendimento para Covid-19, nas instituições de longa permanência, nas aldeias indígenas urbanas e em quilombos. Isso porque, os primeiros grupos vacinados e que agora recebem o complemento do imunizante foram profissionais de saúde que atuam na linha de frente no cuidado da doença; profissionais que atuam em CTI ou emergências e estavam afastados por idade ou comorbidade e que, a partir da vacinação, poderão voltar ao trabalho; profissionais da Atenção Primária envolvidos na campanha de vacinação; idosos e pessoas com deficiência que vivem em instituições de longa permanência; indígenas aldeados; quilombolas.

Quem faz parte de outros grupos e tomou a primeira dose a partir da segunda semana da campanha de vacinação (25 de janeiro), deve observar a data de retorno anotada no comprovante de vacinação, e aguardar as orientações que serão divulgadas oportunamente pela Secretaria Municipal de Saúde. Lembrando que, para quem tomou a vacina Oxford/AstraZeneca, o prazo para a segunda dose é de 12 semanas, ou seja, cairá em meados de abril. Importante reforçar que a pessoa deverá ir na mesma unidade em que recebeu a primeira dose levando o comprovante dessa vacinação.

A Secretaria Municipal de Saúde preza pela transparência e reforçou a orientação para as equipes mostrarem todo o processo de aplicação da vacina para os usuários. Fotos e vídeos do momento da aplicação são liberados e recomendados. Em caso de quaisquer dúvidas, as famílias devem solicitar esclarecimento aos profissionais imediatamente. Todos os casos em que forem levantadas dúvidas sobre a aplicação da vacina serão devidamente apurados e, caso constatada qualquer inadequação, as medidas cabíveis serão tomadas.

Apresentação da coletiva

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on linkedin